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C Barroso (C-11): O Cruzador da MB

C_Barroso_(C-11)
Originário da Marinha dos Estados Unidos aonde atuou durante a Segunda Guerra Mundial, navegou com o nome de USS Philadelphia (CL-41). Foi construído pelo estaleiro Philadelphia Naval Shipyard, Philadelphia, [4] pertencia a Brooklyn Class a mesma classe do ARA General Belgrano afundado pelo submarino nuclear HMS Conqueror (S48) em 1982, durante a Guerra das Malvinas.
O navio foi adquirido pelo Brasil em 1951, juntamente com o C Tamandaré (C-12), uma versão modernizada do Barroso.
O Cruzador Barroso participou no episódio denominado Guerra da Lagosta, envolvendo as Marinhas Brasileira e Francesa, ocorrida no litoral do nordeste brasileiro em 1963.
 
O C-11, como também era conhecido, sofreu vários acidentes durante sua vida na Marinha do Brasil, explosões e incêndios a bordo. Em 14 de agosto de 1967, navegando em viagem de adestramento entre Salvador e o Rio de Janeiro, tendo a bordo o Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Augusto Rademaker, sofreu a explosão de uma de suas oito caldeiras, ocasionando 11 mortes. O navio ficou à matroca e foi rebocado para Salvador pela Cv Caboclo (V-19).
 
Foi desativado em 15 de maio de 1973, por Aviso nº 0423, do Ministério da Marinha, completando 22 anos de serviço. Foi vendido como sucata a uma empresa de Santos, São Paulo.

Ofensiva propagandística dos nacionalistas russos na Internet


Esteticamente os vídeos apelam aos jogadores de videojogos, já o conteúdo está mais perto de angariar entusiastas entre os adeptos de teorias da conspiração


“Eu sou um ocupante russo”, assim começa a mais recente peça de propaganda oficiosa russa nos sites de partilha de vídeos YouTube e Vimeo. Com um look e estética inspirados nos videojogos, o filme de quase três minutos é uma ode à grandeza da Rússia e faz uma apologia vigorosa do neo-imperialismo através da ocupação de territórios.
Vídeo. Veja a forma criativa, apelativa e propagandística dos vídeos nacionalistas feitos ao estilo de um jogo de computador ou documentário de acção

Numa tentativa de reinterpretação dos factos históricos dados por adquiridos no Ocidente, a Rússia é aqui apresentada como a potência ocupante benemérita, mas incompreendida e vítima da ingratidão dos povos submetidos.

Usando uma espécie de comparação entre o antes e o depois, faz-se a ostentação dos benefícios trazidos pelos russos aos povos que foram ocupados, como os Estados bálticos, as zonas da Ásia Central e a Ucrânia. Para os criadores do vídeo, a Rússia deu a esses povos indústrias de ponta, estações espaciais, hospitais, estádios e desenvolveu a agricultura, entre outros, e, mesmo assim, “eles pediram que saísse”.

Para quê? Para se tornarem empregados de limpeza das casas de banho europeias, produtores de cannabis, conservas de peixe ou, no caso da Ucrânia, nem isso, porque “destrói tudo o que o ocupante deixou”, defendem os autores.

Por isso garantem: “Sim, sou um ocupante. E estou cansado de pedir desculpas por isso”. Para se lançarem depois numa sucessão de elogios nacionalistas e demonstrações de capacidade bélica, à mistura com ameaças: “Não se metam comigo!”.

Em Setembro do ano passado, um outro vídeo levou o nacionalismo russo à raia das teorias da conspiração. Dessa vez, os autores perguntam “Porque é que os Estados Unidos precisam de uma nova guerra mundial?”  Na resposta são apontados motivos económicos que fizeram com que não olhassem meios para atingir os fins, tal “como na I e II Guerra Mundial” .

Assim, os americanos (através da CIA), juntamente com os ucranianos, são acusados de estar por trás da queda do voo M17 da Malasyan Airlaines, na Ucrânia, em Julho do ano passado: “Este crime foi necessário para que o regime de Kiev tornasse o conflito internacional”, dizem.

No final apoteótico, a Rússia aparece como a única salvação para milhões de russos, ucranianos e europeus, só que para isso, a Europa tem de virar as costas “aos seus donos estrangeiros” e reconhecer que “além de proteger os seus interesses nacionais”, a Rússia “trata de evitar a eclosão da III Guerra Mundial”.

Os vídeos estão legendados, ou têm versões, em várias línguas, incluindo português (do Brasil), inglês, alemão, espanhol e já foram vistos milhões de vezes.

Ocupante Russo

Porque os EUA precisam de uma grande guerra na Europa

1955: A Polícia Militar de Minas elege um Tenente – Coronel para presidência do Brasil

Francisco Santos

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Em 1956 a Polícia Militar de Minas Gerais (Força Pública na época) elege pela primeira vez na história do Brasil um oficial (PM) para presidir o país, desde a proclamação da independência ate os dias de hoje apenas um policial seja ele, civil ou militar, presidiu o posto mais alto da república.

Juscelino Kubitschek  foi nomeado capitão-médico da Polícia Militar de Minas Gerais, onde serviu como médico durante a Revolução Constitucionalista de 1932 que foi derrotada esmagadoramente pelas tropas mineiro-gaúchas. Foi nomeado Chefe da Casa Civil de Minas gerais por Benedito Valadares, então interventor do Estado (equivalente a Governador) onde chegou ao posto mais alto da Polícia Militar, tornou-se tenente-coronel, Passando a reserva dedicou-se a política onde foi nomeado prefeito de Belo Horizonte de 1940 a 1945 (Durante a Segunda Guerra) e eleito  governador de Minas Gerais (1951-1955), foi eleito presidente em 1955 onde governou ate 1960.

Durante os mais de 190 anos de independência do Brasil, poucos militares subiram a presidência do país, no entanto JK, é o único eleito democraticamente.

Quem foram os Tigres Voadores?

Os “Tigre Voadores”, pilotos mercenários americanos voando pelo Governo da China contra os invasores japoneses.

Eram pilotos americanos que deixaram as forças armadas do seu país para lutar pela China, como mercenários, entre dezembro de 1941 e julho de 1942. Oficialmente, eles se chamavam Grupo Voluntário Americano, mas passaram para a história como Tigres Voadores, nome dado pelo jornalista americano Robert McGrath por causa das carrancas de tigres pintadas nos capôs dos caças. Tudo começou em julho de 1937, quando tropas japonesas invadiram o território chinês. Na época, os Estados Unidos estavam oficialmente em paz com o Japão, não queriam envolver-se de forma direta no conflito, mas, ao mesmo tempo, precisavam manter sua presença no Oriente, o que exigia conter o expansionismo japonês. Para dissimular sua participação nos combates, os EUA estimularam pilotos do Exército, da Marinha e dos Fuzileiros Navais a pedir demissão e a se apresentarem como voluntários na China (que ainda não era comunista).

Eles formaram uma equipe de 100 pilotos e 200 mecânicos, armeiros, operadores de rádio, fotógrafos e meteorologistas. Ganhavam uma fortuna para a época: mais de 250 dólares por mês para o pessoal de terra e quase 700 dólares para os pilotos – sem falar no bônus de 500 dólares por avião abatido. Apesar de voarem em aeronaves ultrapassadas, levavam algumas vantagens sobre os caças inimigos – blindagem na cabine, tanques de combustível seguros e maior velocidade de mergulho. Em 31 batalhas aéreas, esses chineses de araque destruíram 217 aviões japoneses. Mesmo assim, a operação não pôs fim à sanha conquistadora do Japão, que lutava na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha e da Itália. Quando os Estados Unidos entraram no conflito, a missão clandestina dos Tigres Voadores deixou de fazer sentido e foi desativada – mas alguns de seus pilotos retornaram ao campo de batalha reintegrados às forças americanas.

Malandragens do tigrão

Major General Claire Lee Chennault

O mais famoso dos Tigres Voadores foi o general Claire Chennault (1893-1958), que conseguiu passar a perna nos japoneses em várias ocasiões. Foi dele a idéia de alterar os números pintados na fuselagem dos aviões, para fazer os japoneses acreditarem que o inimigo tinha milhares deles em ação. Outra loucura que deu certo foi a dos alvos falsos – aviões de bambu e papelão colocados nas pistas para fazer com que os invasores gastassem sua escassa munição. Quando a guerra acabou, ele formou uma companhia aérea, usada mais tarde pelo serviço de espionagem dos EUA como fachada para operações clandestinas.

Fonte: Mundo Estranho

Terra de ninguém


A Grande Guerra, 1916
Europa. Campo de batalha. Algum lugar entre a França e a Bélgica.
Terra de ninguém.


”Prezados Senhores,
Apresento uma minuta do texto com o tema sugerido pelo Sr. José Arnaldo Castro.
Gostaria de saber se poderiam me ajudar para apresentar opiniões e características sobre a Primeira Guerra Mundial.
Conto com os senhores!”
Atenciosamente,
Ricardo Costa

Ataque francês, usando baioneta. No início da Primeira Guerra Mundial

A humanidade jamais enfrentou este tipo de guerra. Levas e levas de bons homens já foram perdidas. Antes de mim. Agora. Depois virão mais outros. O cheiro da morte é forte. Penetra na alma. Angústia e solidão são nossos companheiros diários. Como a humanidade poderá progredir diante desse caos?
Não há problema algum em se ter medo. Não seria humano se não agíssemos dessa maneira. O problema é que depois de tantas tragédias e carnificinas, morte e desespero, nós ficamos insensíveis. Parece-me que perdemos o senso de humanidade. O medo se oculta. Temos, então, que nos tornar tão brutos para conseguir conviver com essa realidade. É uma mudança profunda que muda o corpo e a alma. Penso que não seríamos mais reconhecidos ao retornar para o lar. Assim, o que amedronta mais que o inimigo é a morte do senso de vida e do pouco que nos resta de humanidade.

Em foto sem data da Primeira Guerra Mundial, prisioneiros alemães ajudam soldado francês ferido durante a Batalha do Somme, próxima ao rio Somme

No campo de batalha, nas trincheiras, mesmo na retaguarda, e depois de tanto tempo em combate, perdemos as lembranças dos nossos parentes, seus rostos e sorrisos. Perdemos as boas lembranças que quem nós éramos. A menor recordação do lar é suficiente para ter força e esperança em voltar para casa e superar os horrores dessa guerra. O treinamento nos ensinou que o mais importante é a hierarquia e a cadeia de comando. Contudo, aprendemos que o evento é diferente. Nossa realidade é uma só. Tentar sobreviver a cada minuto. Por enquanto, no campo de batalha, o senso de dever é obrigatório. É inútil se esconder ou recuar. Só nos resta avançar e avançar e neutralizar o inimigo. Não devemos desistir. Se tivermos sorte, teremos mais um dia de vida. Quem sabe assim encontraremos a paz.

UM CÉU AZUL e ESCURO (Batalha da Inglaterra)

Escrito por: RICARDO COSTA

Agosto e Setembro de 1940. Inglaterra. Canal Inglês. Patrulha da RAF.

Nossos inimigos são poderosos e cruéis. Devemos nos manter firmes em nossos propósitos. Devemos manter os grupamentos bem preparados para o combate. Manter a superioridade é vital neste momento. Sacrifícios serão necessários. Manter a esperança de vitória e a moral é tão importante quanto abater o inimigo e deter o seu avanço. Ansiedade e censo do dever são nossas sombras. Algo que a técnica, o treinamento e o equipamento aéreo não preparam para o que está por vir. O imprevisto. O inevitável. Ficamos em alerta. Mas não demonstramos medo. Temos o receio de que os outros companheiros percebam isto. Sabemos que o moral do grupo depende da atitude e exemplo de cada um do esquadrão. Não é incomum fingir coragem e entusiasmo. Sabemos da necessidade de agir assim, pois, se está preste a entrar em um mundo totalmente novo e hostil, um CÉU AZUL e ESCURO. Devemos superar o medo e dar o próximo passo. O perigo espreita a cada momento. Para tal, basta saber que cada um faça a sua parte em uma equipe coesa. Quase uma família que torna o ambiente menos opressivo (e mais conhecido).
Não desejamos morrer pelo nosso país. Queremos, sim, que o inimigo morra pelo país dele. Contudo, se tivermos de enfrentar nosso sacrifício máximo, no campo de batalha, melhor será escolher tal preço do que ser subjugado e viver pela tirania. A justiça deverá prevalecer em nome das nações livres. Esta é a nossa vida. É como ter a consciência de que devemos fazer de tudo para que este escuro destino, em nossa civilização, de nossa história e cultura seja extinta. Nosso verdadeiro destino é a liberdade e por ela lutamos. Temos a esperança de vencer ao enfrentar esta ameaça.
Soa o alarme. Chega a hora de decolar. Equipe a postos. Equipamento pronto. Ao sinal de comando todos decolam e ganham altura. A missão começa. Por um breve momento todos os detalhes do briefing são repassados em sua mente. Mas sempre há a sensação de que falta algo. Algo que pode fazer a diferença entre o sucesso da missão ou o seu fracasso total. Parece que nunca se está preparado para tudo o que possa acontecer. Em seguida se percebe que existe o dever a cumprir. Percebe-se que existe o um norte. Percebe-se que a luta é o destino. O combate é a missão. Vida e morte são os alas. O controle aéreo repassa as informações necessárias. Proa, nível, distância, prioridade e tática. O RADAR é um grande trunfo neste momento. Depois, sabemos o número de inimigos e as suas aeronaves. Tão importante quanto alerta é a estratégia de combate. Seguimos as orientações do controle continuamente. Recebemos as tarefas do líder do esquadrão e tomamos nossas posições.


Começa o combate. Tentamos ficar focados nos alvos e manter a equipe coesa. Cada elemento se posiciona. Nesse momento não existe o futuro. Só existe o presente, lento e perigoso, preciso e mortal. Só se espera viver a cada minuto. Ter a oportunidade de abater o inimigo. Talvez no próximo instante. Talvez no instante seguinte. Só isto. A atenção é tamanha que até se perde a noção do tempo. Tempo, onde nunca se sabe o que esperar. Sentir o barulho dos motores. Observar aviões em chamas. Ver pessoas caindo. Grande confusão no céu. O coração bate forte e acelerado. Ao ver e perseguir o inimigo você quer acertá-lo no primeiro momento. Mas o “alemão” percebe a manobra e não deixa fazer a mira. São movimentos rápidos e imprevisíveis. Ele faz de tudo para sair da minha mira. Aperto o gatilho. Rajadas curtas e precisas. O inimigo é abatido. O avião cai em chamas. Acabei de derrubar uma aeronave. Não o vejo saltar e acionar o paraquedas. Não dá tempo para isto, pois existe um grande conflito no céu. O céu está em chamas e em caos.
No combate aéreo você tenta escapar do fogo inimigo e não ser ferido ou abatido. Ao receber a ordem de retorno tem-se o sentimento de imenso conforto. Quase um bem estar. E ao pousar sente-se alívio por retornar ileso. Contudo, este sentimento passa quando sabemos que outros companheiros de luta não mais voltarão. Você se atenta ao saber que eles nunca mais retornarão. Aos amigos que perderam a vida você nunca mais os esquecerá. Você também percebe que mães, esposas e filhos perderam seus parentes. Existe uma sensação amarga de determinação e dever. Sua boca fica seca. Trata-se de uma impressão única ao se viver em uma realidade totalmente diferente. A forma em como se vive, cria uma mudança completa frente ao treinamento inicial*. Mas não há tempo para pensar nisto. Basta apenas pensar que matar é vencer a guerra. E vencer a guerra é voltar para a casa. E finalmente encontrar a paz.

Mais de 26 mil pessoas se refugiaram em túneis de Ramsgate para escapar de bombardeios alemães.

A Alemanha começou a guerra. Nós a terminaremos. Londres está preparada para a resistência. A população entende que o dom da felicidade e viver em liberdade requer o empenho de todos, o dever a ser cumprido e a morte a ser enfrentada. Esta é uma era de mudança que nunca será esquecida. Estamos conseguindo o impossível. Algo inimaginável na história da Inglaterra. Lutamos por algo maior que nós mesmos. Por DEUS e pelo Rei faremos o que for necessário**.
*Por pura necessidade, o piloto do esquadrão, precisa ser um homem simples. Nada complicado. Sua atitude é racional e lógica. Ele foi treinado para isso. O trabalho em equipe é fundamental. Deve-se estar sempre em alerta. Caso contrário, sua morte é inevitável, violenta e rápida. Os rigores em cada teatro de operações, seus extremos, suas táticas e seus perigos reduz o piloto de combate a um simples (mas importante) elo de uma estratégia maior. Milhares de homens são designados para cada detalhe operacional, logístico e técnico. Assim será a sua doutrina e vida ao qual é aceita.
**Não importa a sua origem, seu credo ou sua cor. Cockpits, no mundo inteiro, estão assim ocupados. Agora, pela guerra. Amanhã (quem sabe) voarão em busca da paz. Contudo, hoje, cada um terá mais um dia de vida para enfrentar o inimigo e defender a pátria.

RICARDO COSTA
25 de agosto de 2015 at 11:13 #
Olá Senhores!!!
Meu nome é RICARDO COSTA. Sou Controlador de Tráfego Aéreo e apresento o meu mais recente texto. Trata-se de uma homenagem aos combatentes ingleses (ou não) da WW II, na Batalha da Inglaterra. Gostaria de apresentar este perfil do combatente.
Rendo esta pequena homenagem aos pilotos e combatentes da RAF.
Espero receber opiniões sobre o texto assim como saber se poderiam divulgar o mesmo. Talvez (quem sabe) encaminhar para alguma revista especializada.
Aguardo resposta.
Saudações aeronáuticas,
Ricardo Costa (INFRAERO – AEROPORTO de MACAÉ)
( ctaricardocosta@gmail.com )

Sul de Minas no meio do fogo cruzado da história do Estado

Moradores de Ouro Fino, Pouso Alegre e Jacutinga assistiram de perto ao confronto entre paulistas e tropas federais há 80 anos durante a Revolução Constitucionalista

Fotos: Arquivo Museu Histórico Municipal Tuany Toledo

Soldados de batalhões de várias partes do país chegaram a Minas em julho de 1932 para tentar conter a revolução dos paulistas

 A calmaria das pequenas cidades do Sul de Minas deu lugar ao vai e vem de tropas militares e o barulho de metralhadoras passou a ser incômodo constante para os moradores que estavam acostumados com o ambiente de paz do interior. Há 80 anos, quando paulistas começaram a se movimentar e tentaram mostrar força ao governo federal por meio do movimento que ficou conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932, os mineiros assistiram de perto aos violentos confrontos entre batalhões de várias partes do Brasil. Os municípios de Ouro Fino, Pouso Alegre e Jacutinga ficaram bem no meio de uma disputa que misturou patriotismo e ideais de liberdade entre soldados que saíram de São Paulo para lutar contra a interferência federal no estado e tropas que buscavam encerrar um movimento que poderia dividir o país.

A escolha oficial do governo de Minas, ao se confirmar que o impasse não se resolveria por meio das conversas e seria levado para os campos de batalhas, foi adotar uma postura de neutralidade. No entanto, aqueles que viram as disputas bem perto de suas casas não tiveram como ficar de fora e foram obrigados a participar de um lado ou de outro. Em Ouro Fino, a movimentação de tropas começou com a chegada dos paulistas, que buscavam reforçar pontos estratégicos nas fronteiras para impedir que o exército legalista avançasse no estado. A resposta das tropas federais não demorou e, no fim do mês, soldados de batalhões baianos e pernambucanos que vieram para conter a revolução já estavam acampados na cidade.

“Em 13 de julho, quando os paulistas marcharam por Ouro Fino, a cidade ficou extremamente movimentada e dividida. Aqueles que apoiaram os paulistas passaram a atuar de forma velada, escondendo soldados feridos em suas casas e, quem tinha automóvel ou armas, guardava tudo para que o governo federal não pedisse para usar nos confrontos. No entanto, muitas pessoas também temiam a ação dos soldados paulistas, já que rumores diziam que outras cidades estavam sendo atacadas quando eles chegavam de trem”, explica Maria Romilda Gomes Rodrigues, historiadora e coordenadora do Departamento de Cultura de Ouro Fino.

Canhões e trincheiras
Em Pouso Alegre, cidade do Sul de Minas considerada estratégica para a mobilidade ferroviária, as tropas legalistas que estavam se concentrando na região bateram de frente com os revolucionários paulistas. Os tradicionais bairros do município, Vendinha (hoje Bairro São João), Cruzes e São Geraldo, viraram palco para o enfrentamento. Entrincheirados em pontos estratégicos e com canhões e metralhadoras posicionadas, as tropas de Getúlio Vargas massacraram os paulistas em combate. O resultado de uma noite de conflito em Pouso Alegre foi 12 mortes, sendo apenas uma do lado dos legalistas, e mais de 20 feridos que foram levados presos para Caxambu e depois para o Rio de Janeiro.

Os mortos foram sepultados no dia seguinte na cidade mineira recebendo a bênção do bispo de Pouso Alegre, dom Octávio Chagas de Miranda. Como não se sabiam os nomes dos soldados paulistas, o então prefeito João Beraldo determinou que fossem todos fotografados e numerados para que pudessem ser identificados quando o conflito acabasse. Alguns anos mais tarde, os corpos foram exumados e levados para São Paulo a pedido de familiares. Muitas das armas, canhões e equipamentos usados nas batalhas que aconteceram na região estão expostos no Museu Histórico Municipal de Pouso Alegre.

Fotos: Arquivo Museu Histórico Municipal Tuany Toledo

Tropas federais se posicionam para o combate contra os paulistas

“Uma das reclamações constantes de antigos moradores da região que aparece nos documentos da época diz respeito ao barulho de metralhadoras. Só com o fim do conflito ficaram sabendo que o ruído vinha de um aparelho chamado matraca, criado pelos paulistas para reproduzir o som das metralhadoras e intimidar as tropas federais. Os municípios da região, por estarem tão próximos dos paulistas e ao mesmo tempo estarem ao lado das forças nacionais, passaram meses de muita apreensão, com a guerra batendo em suas portas”, explica a historiadora.

Isolados economicamente e sem apoio de outros estados, em outubro de 1932 – três meses depois do início das batalhas – os paulistas anunciaram a rendição. Getúlio Vargas nomeia um interventor paulista para o estado e no ano seguinte convoca eleições para a formação da Assembleia Constituinte. Segundo as estimativas oficiais, a Revolução de 1932 terminou com 624 mortes, sendo a grande maioria de soldados paulistas.

LINHA DO TEMPO
– 1930: Getúlio Vargas chega ao poder em movimento que depôs Washington Luís, do Partido Republicano Paulista. Termina a 1º República
– 1931: Partidos paulistas se unem formando a Frente Única Paulista, que passa a reivindicar autonomia administrativa para o estado e articular o movimento contra o governo federal
– 1932: No dia 9 de julho começa a rebelião armada que marca o início da Revolução Constitucionalista. Quatro dias depois de declarada a revolta contra o governo de Vargas, paulistas marcham pelo município mineiro de Ouro Fino
– 1932: Em outubro, sem apoio de outros estados e força para continuar o conflito, os paulistas anunciam a rendição
– 1934: Promulgada a nova Constituição. A mobilização dos constitucionalistas serviu como forma de pressionar Vargas a convocar a Assembleia Constituinte que elaborou a nova Carta Magna do país
– 1937: Anunciando a existência de uma tentativa de golpe comunista, Vargas anula a eleição presidencial e dissolve o poder legislativo. Início do Estado Novo.

O início do conflito
A insurreição contrária ao novo quadro político que se instalou no Brasil após a Revolução de 1930 começou em São Paulo. Integrantes da elite local que se beneficiavam do sistema político da Primeira República queriam reaver o domínio e passaram a se mobilizar contra o governo de Getúlio Vargas. A demora do governo provisório em convocar a Assembleia Constituinte, grupo de parlamentares que criaria uma nova constituição para o país, gerou muita insatisfação entre os paulistas que passaram a levar as reivindicações para as ruas. Em maio de 1932, durante a realização de um ato político no centro da capital, a polícia reprime duramente o manifestação, ocasionando a morte de quatro jovens. O movimento revoltoso passou a se chamar MMDC – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – em homenagem aos jovens que morreram e ganhou apoio de vários setores da sociedade civil paulista. Em julho teve início a rebelião armada dos paulistas contra as tropas do governo federal.

Fonte: Estado de Minas