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Marinha, Aeronáutica e clubes militares repudiam resolução do PT

Brasília – A temperatura nos quartéis se elevou ainda mais por conta da resolução do Partido dos Trabalhadores sobre conjuntura política que diz que os petistas foram “descuidados” por não terem modificado os currículos das academias militares e por não terem promovido oficiais que, na avaliação do antigo governo, tinham o que consideram ser compromissos “democráticos e nacionalistas”. Na sexta-feira, depois de o Comando do Exército ter apresentado sua “indignação” com a declaração dos petistas, a Aeronáutica e a Marinha também repudiaram as afirmações.

Os presidentes dos Clubes Naval, da Aeronáutica e Militar, em um artigo intitulado “Democratas e nacionalistas”, falam do “cuidado que devemos ter ao ler qualquer documento de partidos esquerdistas, pois a linguagem que empregam é, maliciosamente, deturpada para que concordemos com ela”.

O trecho contestado por militares da ativa e da reserva diz: “Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação”.

A Marinha do Brasil, ao rechaçar o trecho do documento, lembra que, “como uma das instituições permanentes do Estado, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, tem como um de seus princípios basilares o distanciamento de qualquer tipo de ideologia ou ordenamento de caráter político ou partidário”. Acrescenta ainda que “mudanças nos currículos das Academias e nos critérios de promoção, dentro do contexto em que foram feitas em documento do PT, só terão como consequências a perda do profissionalismo que caracteriza nosso trabalho e a indesejável politização dos militares”.

Já a Aeronáutica, depois de ressaltar que as Forças Armadas são instituições de Estado e que não costuma responder a partidos políticos, disse que “são absolutamente infundadas essas considerações”. Para a Força Aérea, “atacar o currículo das escolas militares que tem como base a disciplina e ética, além do profissionalismo, é inaceitável”. A Aeronáutica citou também que o currículo das escolas das forças “garante todos os níveis indispensáveis da formação militar, acadêmica, moral e profissional”.

A nota do PT, segundo a FAB, “nos atingiu bastante”, inclusive no item que trata das promoções porque os critérios da força “são totalmente baseados na meritocracia, em função do desempenho do oficial ao longo da sua carreira, baseado em aspectos profissionais, intelectuais e morais e, acima de tudo, em defesa do Estado brasileiro”. Acrescentou ainda que a formação dos militares é “totalmente cercada por critérios muito bem estabelecidos e democráticos”.

Um outro integrante do Alto Comando do Exército, “indignado” com a postura petista, questionou: “A pergunta que eu gostaria de fazer ao Rui Falcão (presidente do PT) é se ele quer mudar o currículo das escolas militares para resolver qual problema? Que oficial com compromisso democrático e nacionalista é este que vocês querem? Por acaso nossos oficiais de hoje não são democratas? Não são nacionalistas? O que vocês estão querendo com isso?”. Em seguida, o general desabafou afirmando que as escolas militares são reconhecidas no mundo inteiro porque os militares são formados, graduados e aperfeiçoados, fazem cursos de altos estudos e de política estratégica para formar profissionais de Estado. “Nós somos profissionais de Estado. Nós servimos ao Brasil e não a partidos. É lamentável ter essa pretensão. Para mim, isso é fazer proselitismo político”, emendou. “Foi uma provocação a todas as instituições de Estado e até à imprensa. É muita pretensão. É inadmissível o que está escrito ali. É uma barbaridade”, prosseguiu ele, salientando que os militares, “neste conturbado processo político, permaneceram firmes, serenos, seguros e cumprindo o estrito papel que cabe às Forças Armadas pela Constituição”.

Os três Clubes Militares, em nota conjunta, citam que o documento petista “apresenta uma série de chavões esquerdistas, como dizer que o Estado está agora sob a direção de velhas oligarquias, que as mesmas aplicaram um golpe de estado, que estamos adotando o modelo econômico preconizado pelo grande capital, que o impeachment é um golpe casuístico para depor um governo democraticamente eleito”.

Em seguida, fala sobre o trecho questionado no texto petista que trata das “possíveis falhas que levaram ao fim do projeto socialista de eternização no poder” e que entre elas aponta a não interferência nas promoções e no currículo da área militar.

Para os presidentes dos três clubes militares, que são porta-voz dos oficiais da ativa, “o parágrafo é particularmente revelador sobre a mentalidade distorcida que domina a esquerda e a insistência em suas teses de dominar instituições que, no cumprimento da lei, impedem a realização de seus sonhos totalitários, que eles denominam democratas, na novilíngua comunopetista”.

Os militares criticam ainda o fato de o PT enxergar “uma sabotagem conservadora na ação democrática que os impediu de dominar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, seu objetivo permanente”. Ao se referir à questão de reformulação dos currículos das escolas militares, citam que ali é um “reduto de resistência à releitura da História que pretendem, o que fica claro na Base Nacional Comum Curricular proposta pelo MEC, e também nos textos revisionistas constantes dos livros didáticos, particularmente os de História, com que vêm difundindo suas ideias distorcidas e fazendo verdadeira lavagem cerebral em nossos jovens estudantes, há longo tempo”. E acrescentam que tudo isso ocorre “sob o olhar complacente e até mesmo sob o aplauso de mestres e pais politicamente corretos”.

Depois de condenar a tentativa de “domínio da imprensa por meio do controle das enormes verbas publicitárias que controlam”, os presidentes dos clubes dizem que, “quanto à promoção de oficiais com compromisso democrático e nacionalista, isto é o que vem sendo feito desde sempre, pois as Forças Armadas são o maior depósito e fonte de brasileiros democratas e nacionalistas de que a Nação dispõe”.

 

Fonte: Estadão

Jornal britânico vê risco de intervenção militar e sugere renúncia ou novas eleições

O jornal britânico The Observer defendeu em editorial, neste domingo (20), que a presidente brasileira Dilma Rousseff renuncie ou que sejam convocadas novas eleições “se ela não consegue restabelecer a calma” no país.

O Observer é a versão dominical do jornal The Guardian, de linha editorial de centro-esquerda.

“Uma preocupação óbvia é que esses protestos (contra e pró-governo), se saírem do controle, poderiam degenerar em violência desenfreada e no risco de intervenção pelas Forças Armadas”, diz o jornal, um dos principais da Grã-Bretanha, no editorial intitulado “A visão do Observer para o Brasil”.

“A democracia brasileira, restaurada em 1985 depois de 20 anos de ditadura militar, não chega a ser uma planta tão robusta que não possa ser desenraizada novamente por uma combinação de fracasso político e emergência econômica. O dever de Dilma é simples: se ela não pode restabelecer a calma, tem de convocar novas eleições – ou sair.”

O cientista político da consultoria Tendências, Rafael Cortez, porém, explica que, em um sistema presidencialista como o brasileiro, Dilma não tem o poder de convocar novas eleições.

“O mecanismo institucional para a convocação de novas eleições aqui seria ou uma renúncia coletiva da presidente e do vice (Michel Temer) ou a cassação da chapa (Dilma-Temer) por uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em função de irregularidades na campanha. Talvez tenha havido alguma confusão com o sistema parlamentarista”, afirma.

Lembrando que a Olimpíada de 2016 será realizada no Rio de Janeiro, o Observerressalta que os países que recebem o evento normalmente tentam apresentar sua face mais atrativa para a audiência global. “Esse não é o caso do Brasil”, diz.

“Por coincidência ou não, uma série de problemas sérios do país estão se agravando aos olhos do público”, completa, mencionando a recessão econômica, a crise política, o surto de zika, e o “alto índice de criminalidade em cidades como o Rio”.

Segundo o jornal, esses problemas podem “tirar um pouco do brilho” da Olimpíada no Brasil.

Economia

Para o Observer, os problemas econômicos brasileiros em parte foram causados pela queda das commodities no mercado global, mas “uma expansão fiscal imprudente” e as “políticas intervencionistas” de Dilma também contribuíram para reduzir os níveis de confiança no país. “Parte do sofrimento brasileiro foi autoinfligido”, defende.

No editorial, o jornal também opina que é uma “simplificação” ver a crise brasileira e os problemas do governo do PT como parte de um refluxo de uma “onda rosa” socialista na América Latina.

“Em uma semana em que o (presidente dos EUA) Barack Obama faz uma visita histórica à Cuba, abrindo caminho para o capitalismo de livre mercado como alternativa à tradição comunista e coletivista da ilha, os problemas brasileiros podem ser vistos como nova evidência do refluxo da ‘onda rosa’ socialista na América Latina. Com a morte de Hugo Chávez, a revolução bolivariana na Venezuela está de joelhos. A Argentina, que Obama visitará depois, deu uma guinada à direita”, diz o jornal.

“(Mas) essa é uma leitura equivocada e simplista. Como o Brasil mostra, os líderes da esquerda fizeram muitos erros. Mas não é sua ideologia que está sendo rejeitada – e sim sua incompetência e ilegalidade”, opina.

O artigo despertou uma série de críticas no website do jornal.

Para alguns leitores, o Observer errou ao ignorar como a questão “ideológica” teria contribuído para a crise. “Os erros que arruinaram a economia brasileira vieram diretamente da ideologia deles (PT) – intervencionismo, falta de reforma das leis trabalhistas, excesso de gastos (…)”, diz o leitor identificado como “Originalpseudonym”.

Outros reclamam que o jornal ignorou as manifestações de apoio ao PT e as críticas à operação Lava Jato. “A ‘farsa’ da Lava Jato, além de ter um impacto econômico, pegou ‘atalhos em procedimentos legais'”, diz o leitor “CariocaEoin”.

 

Fonte: Uol

EX-SENADOR DO PT TEME INTERVENÇÃO MILITAR E DÁ CONSELHO A DILMA ROUSSEFF

O ex-prefeito e ex-senador Saturnino Braga (PT-RJ)  acaba de lançar um sinal de alerta: se a radicalização política chegar ao ponto de “paralisar a economia” e jogar “toda a atividade brasileira no chão”, os militares podem entrar em cena. Em entrevista que a Globonews reexibirá neste sábado, às 8:30 da manhã e às 16:30, o senador deixa perguntas no ar: “Quem é que pode desempatar uma guerra interna? Você acha que os militares vão ficar paralisados?”

Aos 84 anos, o  ex-senador faz uma defesa apaixonada da política – numa época em que políticos sofrem de uma rejeição quase generalizada. Diz que não vai se desfiliar do PT, porque, se saísse do partido numa hora de crise aguda como esta, seria chamado de oportunista.

Dá um conselho a Dilma Rousseff: diz que a presidente precisa lançar uma cruzada em busca de entendimento com as lideranças da sociedade, porque o diálogo com os partidos anda radicalizado. Faz este julgamento da presidente: diz que ela é uma mulher de “caráter límpido” e honesta que não sabe manejar as peças do xadrez político.

É duro com o atual Congresso: concorda que é o pior já eleito. Não vê, no cenário político, nenhum nome em quem possa apostar as fichas para a Presidência da República. Duvida que Lula, “se puder”, vá se candidatar, porque o ex-presidente correria o risco de jogar fora o capital que acumulou quando estava no poder.

Uma revelação sobre os bastidores do poder: o ex-senador diz que, assim que assumiu a Prefeitura do Rio, recebeu um recado das empreiteiras. Em resumo: o recado dizia que era praxe as empreiteiras encaminharem ao prefeito, para suas “atividades políticas”, um percentual do faturamento obtido com obras. Saturnino deveria dizer se mantinha a velha praxe ou se sugeria algum outro percentual. O prefeito mandou dizer que não aceitava a oferta – mas, quando chegasse a época das eleições, iria, sim, pedir ajuda das empreiteiras para a campanha.

É uma declaração rara entre políticos que exercem ou exerceram cargos executivos: a admissão de que recebeu ofertas.

Aqui, o trecho em que o ex-prefeito revela seus mais preocupantes temores sobre o desfecho da atual crise política:

GMN: A curto prazo, o que o senhor acha que pode acontecer com essa crise política? Qual é o desfecho?
Saturnino Braga: “O desfecho pode ser processual, no Congresso, com um impeachment; pode ser o governo da presidenta Dilma conseguindo recompor a maioria – com Lula ajudando; pode ser a continuação desse atrito aí; pode ser um confronto de rua lamentável – que pode ocorrer; pode haver uma guerra. E uma guerra me lembra de cinquenta e dois anos atrás:1964. Porque 1964 foi uma guerra. Ali, houve um confronto. E nenhuma das duas partes em confronto, aqui pra nós, tinha apreço pela democracia,. A esquerda queria realmente fazer a revolução brasileira. E a direita – os americanos, muito especialmente – no auge da Guerra Fria, não podia tolerar uma segunda Cuba no continente do tamanho do Brasil.
Era uma guerra. A sociedade brasileira não estava preparada para aquela guerra. E o que houve? Uma intervenção militar. O clima não permitia conciliação. Deu-se a guerra. E – da guerra – deu-se a intervenção militar. Se houver uma nova guerra aqui, quem é vai desempatar essa guerra? A minha preocupação é profunda, é enorme. Estou inibido. Não estou mais na linha de frente para atuar. Só para perceber e me preocupar profundamente”.

GMN: Para ser bem direto: o senhor teme uma intervenção militar?
Saturnino Braga: “Temo. Porque os militares são pessoas formadas e educadas para “defender a pátria”, como eles dizem, defender o Brasil. Se o Brasil é ameaçado por uma guerra interna, por uma radicalização que paralise a economia e jogue toda a atividade brasileira no chão, você acha que os militares vão ficar paralisados e assistindo a isso? Eu acho não”.

GMN: Isso parece uma preocupação minoritária. Poucas pessoas falam a sério do risco de uma intervenção militar. Que indícios o senhor vê?
Saturnino Braga: “Não vejo nenhum indício. Vejo numa situação concreta que pode exigir um desempate a favor do Brasil. Quem é que pode desempatar uma guerra interna a favor do Brasil?”.

GMN: Quando o senhor fala em guerra interna, o senhor se refere a conflitos de rua ?
Saturnino Braga: “A conflitos de rua e a situações inconciliáveis : uma obstrução das instituições. Pode haver baderna no Congresso; não funcionar mais a instituição. Pode haver invasão do poderes; muita coisa pode acontecer de grave, extremamente grave, num clima de tensão que está numa escalada que a gente não pode imaginar onde vai parar”.

GMN: Se o senhor participasse um gabinete de crise e fosse convocado a Brasília par uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, qual o primeiro conselho que o senhor daria a Dilma Rousseff?
Saturnino Braga: “Convoque a nação, convoque os líderes empresariais, os líderes sindicais, os líderes estudantis – enfim, as lideranças da sociedade – e procure um entendimento para encontrar a saída, porque, pelos partidos políticos, parece que que a coisa vai à guerra. E, na guerra, a gente não sabe o final”.

GMN: Se a situação se agravar, a ponto de a presidente estar diante de duas opções – a renúncia ou enfrentar o impeachment – o que é que o senhor diria a ela?
Saturnino Braga: “O caminho da renúncia é sempre um caminho deprimente. É um caminho que tem conotações de diminuição e de redução da personalidade. Eu não daria a ninguém o caminho da renúncia. Já o caminho do enfrentamento cego também acaba em deposição. É preciso fazer o esforço da negociação com a sociedade, na medida em que negociação com os partidos políticos está muito fechada, muito complicada, muito radicalizada. Com as lideranças empresariais, lideranças sindicais, lideranças estudantis, lideranças da juventude, lideranças da mídia, é preciso buscar na sociedade a possibilidade de um entendimento, a viabilidade de um entendimento!”.

 

Fonte: G1 – Geneton Moraes Neto

Nomeação de Lula é sinal de desorientação do governo Dilma

  • Para professor, Lula ministro é impeachment "branco" de Dilma ou abraço de afogados

    Para professor, Lula ministro é impeachment “branco” de Dilma ou abraço de afogados

Professor de história contemporânea da UFF (Universidade Federal Fluminense), Daniel Aarão Reis Filho pesquisa as esquerdas brasileiras e afirma que a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil é uma evidência da desorientação do governo Dilma Rousseff (PT).

“Aquela popularidade [que Lula teve como presidente] se deveu, em grande medida, à prosperidade possível naquela época, que estruturou no país um jogo de ganha-ganha”. Se no governo Lula todas as classes ganharam, o momento atual, prossegue o professor, é de crise e de confronto e é preciso saber quem vai pagar a conta da saída. Ou seja, não é mais possível que todos ganhem.

Reis Filho classifica o ex-presidente como um conciliador e duvida que ele seja capaz de contrariar interesses. Confira abaixo a entrevista com o historiador.

Reprodução/TV Brasil

Daniel Aarão Reis Filho, professor da UFF

UOL Qual a chance de a presidente Dilma terminar o mandato? O que ela precisa fazer para se sustentar até o fim de 2018?
Daniel Aarão Reis Filho – Neste exato momento, as chances parecem escassas. Mas vai ser jogada uma cartada importante quando acontecerem as contra manifestações marcadas para a próxima sexta-feira [pró-governo]. Recordemos que Dilma parecia estar por um fio em dezembro passado, mas ganhou fôlego com as decisões do STF. Agora, parece periclitar novamente. Mas as coisas ainda podem mudar. O essencial, no entanto, não é saber se o governo Dilma sobrevive, mas saber para que ele quer sobreviver. O que o governo Dilma propõe para superar a crise? Em outras palavras: por que e para que ela quer continuar governando?

O que significa a nomeação do ex-presidente Lula como ministro de Dilma?
É um desastre ecológico a posse do Lula como superministro. Penso que esta opção é mais uma evidência da desorientação do Planalto. Na melhor das hipóteses, será uma espécie de impeachment “branco” da Dilma porque ela estará reduzida a um papel ornamental, a uma “rainha da Inglaterra”. Na pior, nada improvável, será um abraço de afogados.

Mesmo que ele se torne uma espécie de primeiro-ministro, redefinindo Dilma como uma “rainha da Inglaterra”, repõe-se a questão: por que e para que governar?

A grande ilusão de petistas e amigos do Lula é imaginar que ele, voltando ao centro do poder, poderá reeditar a grande popularidade que teve ao fim de seus dois mandatos. Sem subestimar a capacidade de articulação e o carisma do Lula, o fato é que aquela popularidade se deveu, em grande medida, à prosperidade possível naquela época, que estruturou no país um jogo de ganha-ganha. Não é mais o caso agora. Estamos numa profunda crise e, para sair dela, vai ser necessário assumir custos. Quem vai pagar?

Para sair da crise, será preciso contrariar interesses. O Lula bem conceituado no fim de seus dois mandatos era o “Lulinha paz e amor”, o homem da conciliação, da harmonia. Será que ele estará disposto a ir para confrontos? A contrariar frontalmente interesses? Não faz seu estilo. Nunca fez. Nem ele, como herdeiro dileto de Getúlio Vargas, se disporia a isto. A não ser que vire mesmo uma “jararaca”. Permito-me duvidar desta hipótese. Jararaca não vai abraçar Renan Calheiros nem beija a mão de [Paulo] Maluf.

Que paralelo o sr. faz entre a situação atual e as crises enfrentadas por governos anteriores (José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula)?
A crise atual, pela sua gravidade, pelas suas múltiplas faces (“tempestade perfeita”), assemelha-se mais à crise que levou Collor de roldão. A grande diferença é que, apesar do desgaste, o PT e seus aliados constituem uma base política e social que Collor nunca teve.

Um grito comum nas manifestações do último domingo (13) foi o “Fora, PT”. Por que a imagem de corrupto colou no PT e não cola com a mesma força em outros partidos?
Colou no PT porque o PT se lambuzou, como disse o insuspeito Jaques Wagner (ex-ministro da Casa Civil). E pelas evidências trazidas pela Lava Jato. Agora, a rigor, o PT apenas se integrou a um sistema onde a corrupção é ampla, geral e irrestrita. O sistema político brasileiro está podre, não há como tapar o sol com a peneira, e esta avaliação, compartilhada por cada vez mais gente, não ganha ampla difusão porque há muitos interessados em não vê-la divulgada.

Quem são os interessados em não ver compartilhada a avaliação de que o sistema brasileiro está podre?
Os beneficiários do próprio sistema e os que o parasitam. Vai ser preciso muita pressão “externa” para que esta gente perceba que o país precisa, antes de qualquer outra, de uma profunda reforma política.

Qual o impacto dessa rejeição no futuro do PT?
O impacto será melhor medido nas próximas eleições municipais. Eleição municipal sempre privilegia aspectos locais, mas as próximas serão muito politizadas e por isso serão um bom teste para medir o desgaste do PT. Sejam quais forem os resultados destas eleições, porém, o mal causado pelas opções do PT em ter “relações carnais” com grandes empresas (bancos e empreiteiras), sob o argumento de que tais eram as imposições da “grande política”, é de largo alcance e profundo.

Qual é o impacto dessa rejeição na situação das esquerdas brasileiras?
O impacto é devastador, cria um ambiente deletério de crise de credibilidade nas esquerdas.

Na sua opinião, a intolerância com o PT é seletiva e tem um viés ideológico ou a Justiça e a população condenam casos de corrupção em qualquer partido?
Em muitos, sem dúvida, a intolerância é seletiva e tem viés ideológico. Mas a Lava Jato está criando um padrão. Creio que isto pode incentivar outros juízes a serem mais rigorosos com casos de corrupção de outros partidos. Se isto acontecer, há o risco de um desmantelamento geral do sistema político, pois, como aconteceu no caso da operação Mãos Limpas na Itália, o sistema está podre até a medula.

É possível afirmar que os protestos trazem também ingredientes de um conflito de classes?
Penso que não seria incorreto dizer que a maioria esmagadora dos manifestantes é de classe média, daí para cima, o que não significa subestimar as manifestações. As camadas populares ainda não mostraram sua cara. Aparecerão nas contra manifestações do dia 18? Tenho minhas dúvidas, pois a crise de credibilidade do governo Dilma é grande, pois o estelionato eleitoral que ela cometeu ainda repercute, através da crise econômica e de um conjunto de políticas que é muito seletivo na escolha de quem deve pagar pela crise e pelos erros do governo. A densidade — ou não — das manifestações do dia 18 poderá assinalar — ou não — o dobre de finados do governo Dilma. Se as camadas populares aparecerem com força equivalente às manifestações do dia 13, haverá um empate, conferindo força e fôlego ao governo. Em caso contrário, teremos uma fuga maciça dos ratos abandonando o navio naufragado do governo Dilma.

As extremas direita e esquerda podem crescer no Brasil?
O que tem limitado o crescimento das extremas é que suas propostas ainda não seduziram grandes contingentes de pessoas. Com o agravamento da crise, porém, esta hipótese não está excluída.

Há conquistas sociais sob risco?
A maciça inclusão social, proporcionada pelo governo FHC, com o controle da inflação, e sobretudo pelo aperfeiçoamento e generalização do sistema das bolsas, nos governos Lula (mantidos pelo primeiro governo Dilma), não foi resultante de reformas sociais ou econômicas, mas de canalização de recursos estatais disponíveis. Com a crise, no entanto, como é usual, trava-se a luta para ver quem é que vai pagar os custos. Os “de cima” clamam pela reforma da Previdência e das Relações de Trabalho. Os “de baixo” falam em reforma tributária e reforma agrária. A luta entre eles vai decidir a parada. Num regime democrático, ganha quem grita mais alto e se organiza melhor.

Fonte: Uol

Comandantes Militares acompanharão manifestações de domingo

Por Francisco Santos – Guerra & Armas

As manifestações anti-governo que ocorrerão por todo país amanhã (13), serão monitoradas em Brasília pelos ministérios da Defesa e Justiça, uma sala de monitoramento foi montada nas dependências do Ministério da Justiça para acompanhar o andamento das manifestações nas principais cidades.

O Ministro da Defesa, Aldo Arantes, e os comandantes das três forças armadas estarão de prontidão, no entanto segundo o governo, os militares de ambas as forças não estarão em prontidão ou sobreaviso.

Após as manifestações a presidente Dilma, deverá se reunir com os ministros da Casa Civil e o Ministro da Secretaria de Governo, como acontece em todas as manifestações anti-governo, já que nunca antes na história recente do país, ocorreram tantas manifestações deste porte contra um presidente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja o que os americanos pensam sobre Bolsonaro e algumas personalidades brasileiras

Atenção! Lembre-se de ativar a opção legenda no vídeo, pois algumas partes estão em inglês.

Gregório Duvivier: “Querer tirar Dilma por corrupção é limpar o chão com bosta”


“Eduardo Cunha, Aécio Neves e Renan Calheiros querem tirar a Dilma por causa da corrupção? Até parece. É querer limpar o chão com bosta”. Em Portugal, Gregorio Duvivier falou sobre o atual momento político no Brasil


Gregório Duvivier Dilma portugal corrupção

O humorista e escritor Gregório Duvivier, do grupo Porta dos Fundos, concedeu uma entrevista ao canal 24, em Portugal, em que detonou o movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Será que só agora descobriram a corrupção? É tudo uma grande mentira. Querem tirá-la para roubar mais. Quem quer a Dilma fora é Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Aécio Neves, que são comprovadamente corruptos”, disse ele.

Gregório afirmou ainda que essa mudança seria equivalente a “limpar o chão com bosta”.

“São esses que querem tirar um presidente por causa da corrupção ? Até parece. É querer limpar o chão com bosta!”

Em outro trecho da entrevista, o ator afirmou que Dilma corre o risco de cair justamente por ser a presidente menos conivente com a corrupção que o Brasil já conheceu

Vídeo: