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Vídeo: Visita a fabrica da IMBEL

Brasil líder de exportação de armas para os EUA: os lucros valem a pena?


Daniel Mack, coordenador internacional do Sou da Paz, analisa exportação de armas brasileiras

Carnaval, futebol e pistolas: a nova lista das nossas atrações aos olhos norte-americanos. A liderança no mercado de armas pequenas e leves faz sentido: os EUA são o maior comprador do mundo e o Brasil é grande produtor – entre os cinco maiores exportadores em um mercado global estimado em mais de US$7 bilhões anuais.

Segundo o Small Arms Survey, há tempos o Brasil “rotineiramente” exporta mais de US$ 100 milhões em armas pequenas e leves anualmente –junto com Alemanha (Heckler & Koch), Áustria (Glock), Bélgica (FN Herstal), Itália (Beretta) e, presumem, China e Rússia, mas atrás dos líderes absolutos, os EUA.

Lá, por motivos constitucionais e culturais que acabam de derrubar proposta minimalista de controle de armas no Senado, compradores não faltam: há 90 armas para cada 100 pessoas. Ou seja, 270 milhões sem contar as dos militares e dos policiais.

No Brasil, estima-se que há 15 milhões de armas nas mãos de civis –demanda muito menor e em contração: desde 2003, quando o Estatuto do Desarmamento determinou mais rigidez, houve diminuição de 40% na venda de armas, segundo o Ipea. Na contramão, verificou-se que muitos americanos, de modo levemente paranoico, compraram mais armas.

Ademais, as armas “made in Brazil” têm bom custo-benefício. Pistolas da Taurus são benquistas por civis e policiais nos EUA, tendo conquistado o prêmio “Hand Gun of the Year” da NRA (lobby pró-armas) em 2011.

Acionistas comemoram. Em 2012, a Taurus teve lucro de quase R$ 42 milhões, sucesso comercial que permite até fábrica em Miami.

O foco nas exportações aos EUA deve continuar, também porque o Tratado de Comércio de Armas acordado no começo do mês na ONU, quando em vigor, deve aumentar a dificuldade de exportar para países em conflito ou com graves problemas de direitos humanos, que outrora receberam armas brasileiras.

Mas há o outro lado da moeda: os custos do “american dream” da indústria brasileira. Qual percentual das milhares de mortes anuais a tiro nos EUA é cometido com “nossas” armas? Quantas das 250 mil armas traficadas dos EUA anualmente para o México são fabricadas aqui e usadas pelos narcotraficantes que atemorizam aquele país? O governo brasileiro, que autoriza as transferências mas o faz em segredo com diretrizes criadas durante a ditadura, tem responsabilidade nesses casos?

Mesmo que ainda não espontânea, maior transparência sobre as exportações pode ajudar a dirimir dúvidas que permitam aos brasileiros, que como contribuintes subsidiam a indústria de armas através de incentivos fiscais ao setor, decidir: esses lucros valem a pena?

DANIEL MACK é coordenador internacional do Instituto Sou da Paz.

*Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo – 29/04/2013

O Fuzil IA2: A opinião do especialista

Por Renan Vargo Merlo

Começa a ser utilizado pelas nossas forças armadas, um novo fuzil, completamente desenvolvido e produzido em território nacional, o IA2, produzido pela IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil), empresa vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Exército Brasileiro.

Desde 1964 o Exército Brasileiro utiliza como armamento padrão de seus soldados o FAL (Fuzil Automático Leve) de origem Belga, originalmente produzido pela FN Herstal, e posteriormente produzido localmente pela IMBEL (a partir de 1970).

O FAL é um fuzil em calibre 7,62x51mm que tem a fama (merecida) de ser um fuzil bastante confiável, simples de se manter e operar e também preciso.  As mudanças no campo de batalha nos últimos anos o deixaram em desvantagem em relação aos novos fuzis presentes no mercado internacional. As batalhas em campos abertos com engajamentos entre 200 e 600 metros deram lugar aos combates em cidades, com becos e ruelas, onde o combate se dá desde uma luta corporal a no máximo 200-300 metros, situação  onde o tamanho e o peso do FAL, 1,10m e 4500g (vazio), respectivamente, atrapalham o desempenho do combatente.

O Exército Brasileiro, no processo de modernização de sua força, buscou um substituto ao velho guerreiro FAL. Neste contexto,  a IMBEL tentou uma modernização do fuzil,  juntamente com a conversão para o calibre 5,56x45mm, uma munição menor e mais leve, que possibilita que o infante leve mais munição sem prejudicar seu desempenho em campo. Porém o resultado, o fuzil denominado MD-2, não agradou ao Exército, já que este era pesado e com um sistema de funcionamento inadequado para o menor calibre adotado. Posteriormente, a IMBEL lançou no mercado o fuzil MD-97, que para manter um menor custo, utilizava muitas peças iguais ao do FAL. O MD-97 é usado por algumas tropas de brigadas de operações especiais do Exército, pela força de segurança nacional e muitas forças policiais em vários estados brasileiros. Mas o modelo não é uma unanimidade em termos de confiabilidade, sendo que o Exército optou por pedir o desenvolvimento de um novo fuzil que estivesse dentro dos padrões encontrados nos mais recentes projetos nesse gênero de armamento.

ia2e.jpg

Desse desenvolvimento surgiu o IMBEL IA2, uma família de fuzis em 2 calibres, o menor e mais leve,  5,56x45mm,  e o maior e mais pesado, porém também mais potente e preciso, o 7,62x51mm. É importante ressaltar que os dois fuzis apresentam mecanismos de funcionamento distintos, sendo que o primeiro em calibre 5,56x45mm opera com o mesmo sistema do MD-97, porém com as deficiências desse último sanadas, e o fuzil em calibre 7,62x51mm utiliza o confiável sistema do FAL. Mesmo assim, alguns detalhes mecânicos foram alterados, como por exemplo  o extrator que teve seu desenho modificado para melhorar o processo de ejeção dos cartuchos deflagrados e o posicionamento do percussor. Em resumo, pode-se dizer que o IA-2 é uma versão melhorada dos seus antecessores, eliminando características indesejáveis. Como,  por exemplo, o uso de polímeros na construção de partes da arma (IA2) reduziu o seu peso de 4500g (do FAL) para 3700g, e a adição de trilhos do tipo picatinny, que possibilita o acoplamento de diversos acessórios, como miras do tipo red dot, holográficas, telescópicas, lasers, lanternas, empunhaduras, lançadores de granadas, etc. Vieram  para enriquecer o produto.

O fuzil IA-2  é,  sem dúvidas, um ótimo fuzil, isto está provado pelo simples fato dele ter conseguido passar pelos rigorosos testes do Exército.  Uma característica desejável hoje em dia, no entanto, foi deixada de lado:  a possibilidade de troca dos calibres com a simples troca de algumas peças da arma, tendo em vista que o Exército (e demais forças armadas, que também irão adotá-lo para que exista uma padronização no armamento básico) não deixará de utilizar o calibre 7,62x51mm, mais eficaz em longas distâncias e locais com muitos obstáculos (selva). Pode-se afirmar que o IA2 é um fuzil moderno, porém  não se encontra no mesmo grupo que os melhores e mais modernos fuzis do mundo atualmente. Entretanto, ele é de um projeto recente e mudanças podem ocorrer para deixando ainda mais capaz. A conclusão é de que nossas forças armadas estarão muito bem servidas com o IA2.  Porém, estariam  melhor servidas se algumas características fossem adicionadas ao projeto”

 

Fonte: Carlos Amorim 

Plano Brasil: IMBEL na Mostra BID Brasil

Fuzil Imbel A2 7,62mm – Foto: Rafael Lins para o PLANO BRASIL

 

Luiz Medeiros – Correspondente de Brasília

 

Estivemos no stand da IMBEL na Mostra BID Brasil para mostrar algumas das novidades dessa empresa para este evento.
A grande vedete foi o Fuzil IA2, que agora recebe uma versão 7,62mm para substituir os FAL e Para-FAL em uso pelo Exército Brasileiro. De acordo com a representante da empresa que nos atendeu, sra. Liliane Vilela, o modelo 7,62 foi a novidade trazida para este evento dado que este modelo não fora mostrado em outros eventos até o momento.

Além desta novidade com o modelo 7,62 a Imbel trouxe também sua versão 5,56 que já é mais “conhecida” de todos nós.

 

Fuzil IA2 5,56mm notar como principal diferença o cano de comprimento menor que o 7,62 – Foto: Rafael Lins para o PLANO BRASIL

Outro ponto peculiar é a pouca diferença de peso e tamanho entre as duas versões com a observação de que o peso dos fuzis é realmente muito inferior ao FAL. O próprio manejo do fuzil é mais “agradável”, permitindo acesso ao gatilho mesmo com a coronha rebatida e sem causar desconforto ao usuário.

O corresponde Luiz Medeiros pode atestar o peso reduzido e manejo confortável do Fuzil IA2 7,62mm – Foto: Rafael Lins para o PLANO BRASIL

A sr. Liliane também nos apresentou as facas de campanha IA2 e AMZ, e esclareceu a diferença entre elas que não se trata somente do tamanho, mas também da possibilidade de uso do modelo IA2 junto do Fuzil IA2, devido ao tamanho menor e também a um engate na ponta da empunhadura, sendo assim uma faca-baioneta.
Outro detalhe importante é que esta faca além de uso para os combatentes pode ser utilizada pelo mercado civil para as mais diversas finalidades e já estão disponíveis para vendas.

Correspondente Luiz Medeiros observando a demonstração das Facas IMBEL, neste momento a faca AMZ – Foto: Rafael Lins – Para o PLANO BRASIL

Além dos fuzis e das facas a IMBEL trouxe a Mostra BID Brasil alguns exemplares de seus modelos de pistolas nos calibres 380, .45, .40 e 9mm em vários modelos foi possível verificar a existência do sistema ADC (Armador e Desarmador do Cão) e além disso pudemos conferir a diferença sensível nas pistolas .40 feitas com armação em polímero e as que possuem armação em metal.

Todas as pistolas da IMBEL são produtos já completamente desenvolvidos e disponíveis para vendas sendo necessário somente se observar as restrições de comercialização e uso de acordo com os calibres.

Alguns modelos de pistolas IMBEL nos diversos calibres – Foto: Rafael Lins para o PLANO BRASIL

Vale ressaltar que hoje a IMBEL já fornece equipamentos para o Exército e também para diversas forças de segurança pública do país.

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