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Stratfor analisa a evolução dos ataques aéreos Russos na Síria

Stratfor’s analysis of an expanded Russian air campaign into Iraq 1Tradução e adaptação: E.M.Pinto

Previsão

… A posição atual da Rússia na Síria, bem como seus ativos navais no Mar Cáspio e bombardeiros de longo alcance alocados no sul da Rússia foram destacados para as operações contra o Estado Islâmico no Iraque, mas poderiam atacar de forma mais eficaz e mais frequente se ao oinvés disso fossem usadas as bases no próprio Iraque.
A criação de bases no Iraque custaria à Rússia mais dinheiro, tempo e esforço e pode antagonizar os Estados Unidos. Através de suas operações na Síria, a Rússia está testando a sua capacidade de realizar campanhas a partir do ar. É a primeira vez que a Rússia pós-soviética desenha as suas futuras campanhas militares a partir das operações aéreas….

Análise

O início de ataques aéreos russos na Síria tem revigorado a esperança para as forças leais à Bashar Al Assad em sua batalha contra uma série de facções rebeldes, que incluem o Estado islâmico. Agora comenta-se que Moscou extenderá a sua campanha para Bagdá o que sugere uma expansão dessas operações a partir do Iraque caso este país solicite o apoio Russo tal como o fez a Síria. De fato, a partir de sua posição em Latakia, a Rússia tem o alcance para atingir os alvos do Estado Islâmico no Iraque, apesar de que, para tal, a Rússia seja obrigada a implantar um maior montante de recursos técnicos e militares de modo a atender de forma mais eficaz.

A expansão dessas operações para o Iraque, no entanto, colocam as forças russas no mesmo campo de batalha que as tropas norte-americanas – o que pode muito bem ser o objetivo da Rússia. A estratégia da Rússia, tanto no conflito na Síria e no planejamento de possíveis operações no Iraque, é essencialmente a pressão a posição dos EUA, de modo a forçar Washington a negociar de alto nível.

Isso coloca Bagdá, bem como Teerã, que também tem sido ativa no teatro iraquiano – em uma situação difícil. Em última análise, Bagdá tem uma decisão a tomar: Renunciar à ajuda de Moscou e continuar a depender de apoio militar dos EUA, ou receber a Rússia no seu território sob o risco de atritar-se com seu aliado ocidental.Stratfor’s analysis of an expanded Russian air campaign into Iraq 2

Dificuldades logísticas

Estritamente falando, os alvos no Iraque já estão dentro da faixa de ativos navais russas no mar Cáspio e ao alcance de seus bombardeiros Su-24 Fencer e Su-34 Fullback, aviões de ataque terrestre de longo alcance que a Rússia tem posicionado em Bassel al Assad, base aérea situada na Síria. Embora, partindo desta base, essas aeronaves teriam sobrevoariam mais limitadas em termos de tempo o território iraquiano recorrendoa  reabastecimentos aéreos para remediar este fato.

Ainda assim, estas operações de reabastecimento, bem como os horários de voos mais longos, elevaria os requisitos de manutenção de aeronaves e tornariam os acidentes mais prováveis. Os aviões russos teriam de transportar cargas mais leves e desviando os planos para o Iraque, significaria também enfraquecer a retaguarda Síria dependente do apoio destas aeronaves.

Durante a semana passada a Rússia manteve uma média de cerca de 20 missões por dia usando a aeronave estacionada na 32ª Bassel al Assad, base aérea em Latakia; a realocação de recursos para ataques de longa distância no Iraque iria retardar ainda mais o que já é um ritmo relativamente moderado de operações na Síria.

No entanto, a Rússia já mostrou que pode atacar alvos em todo o território sírio e iraquiano, se necessário. O avião bombardeiro de longo alcance da Rússia supostamente implantados nas bases aéreas do sul da Rússia poderiam voar e atacar alvos no Oriente Médio, embora até agora Moscou tenha se negado a usá-los na Síria.

Por outro lado, plataformas de mísseis de cruzeiro baseadas no mar Cáspio  poderiam ser tão úteis quanto os bombardeiros no Iraque. Os navios russos lançaram num único dia 26 mísseis de cruzeiro, atacando alvos em toda a Síria depois de viajar através do espaço aéreo iraniano e iraquiano.

Quatro desses mísseis de cruzeiro alegadamente teriam caido no Irã, perto da cidade de Takab o que foi negado pelo governo Iraniano. Para alguns críticos este evento é um testamento da experiência limitada da Rússia na realmente usar este tipo de sistema de armas em um ambiente operacional. Porém a campanha aérea russa e os ataques continuam a demonstrar que os ativos navais da Rússia atingem os alvos na Síria e portanto, possuem igual capacidade de atacar no Iraque.

Campo de batalha Saturadoo

Uma alternativa mais eficaz para voar missões de longo alcance seria estabelecer bases aéreas dentro do Iraque. Já existem muitas pistas não utilizados disponíveis para os russos lá, e a recente implantação de meios operacionais na Síria demonstrou que a Rússia é perfeitamente capaz de estabelecer uma base aérea eficaz e operacional em cerca de um mês.

Isto incluiria a Rússia trazendo seu próprio pessoal para implantar e operar uma base aérea, criar sistemas de apoio logístico e fornecer proteção para as unidades. Essas façanhas logísticas têm um custo, no entanto,  como as sanções econômicas e baixos preços de energia já estão impondo um custo pesado sobre a Rússia, o Kremlin pode hesitar em investir pesadamente na segurança do Iraque.

Além disso, a implantação de meios aéreos no Iraque iria colocar os russos ainda mais perto de ativos e operações norte-americanas no Iraque, aumentando o potencial de incidentes ou na melhor das hipóteses, forçando tanto a Rússia quanto os Estados Unidos a cooperar mais estreitamente.

A presença de tropas dos EUA no Iraque é susceptível de dissuadir a Rússia de inserir suas próprias forças terrestres. Sem tropas no terreno trabalhando lado a lado com os iraquianos, a Rússia terá a difícil missão de coordenar taticamente as forças armadas iraquianas, o que poderia fazer com que os seus ataques aéreos sejam menos eficazes do que os que tem sido lançados na Síria.

Na Síria, as forças terrestres russas estão presentes em pequenas quantidades entre as unidades legalistas e atuam como elo entre as tropas e aviões da Rússia, fornecendo inteligência e informações de segmentação. No Iraque, tal interação com as forças de segurança iraquianas seria muito difícil e colocando as forças russas em terra em um teatro onde as tropas americanas já estão presentes poderia criar conflito. Agrava-se ai o fato da Rússia cooperar estreitamente com as forças iranianas na Síria, mais bem treinadas e engajadas, porém no Iraque o número de conscritos iranianos não é muito significativo.

Deixando de lado os custos inumeráveis ​​para a Rússia ampliar suas operações militares, em última análise, o próprio Iraque tem de decidir se solicita ou não a ajuda de Moscou, ou se vale a pena estender sua relação com os Estados Unidos.

Os Estados Unidos tem dedicado muito mais esforço para o apoio no Iraque que para a Síria; o risco de perder esse apoio teria que ser feito frente a hipotéticas vantagens da intervenção militar russa. Ao contrário do exército norte-americano, que utiliza uma vasta gama de ativos de vigilância de inteligência e reconhecimento para atacar alvos com munições guiadas com precisão, os russos utilizam em grande parte, armamento não-dirigido e perpetuam ataques mais indiscriminadamente. Então, novamente, a Rússia não é prejudicada pelas mesmas regras de engajamento que limitam as operações norte-americanas.

Por lei, as operações norte-americanas têm a minimizar o risco de baixas civis e limitar os danos colaterais. O Iraque pode decidir que a ameaça do Estado Islâmico  justifica a abordagem mais pesada que a Rússia oferece, apesar dos perigos que ela representa para os seus civis.

Fonte: Stratfor via Asian Defence News

ESPECIAL: Revista online revela que Exército começou, discretamente, a cassar honrarias feitas a mensaleiros

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Uma sequência que dispensa apresentações…

A revista eletrônica Sociedade Militar informou, na última sexta-feira (27.09), que o nome do ex-deputado José Genoíno Guimarães Neto – grafado como “José Genoíno Neto” – já não aparece mais no Almanaque Online da Secretaria-Geral do Exército que relaciona as pessoas agraciadas com a Medalha do Pacificador.

Genoíno foi denunciado por envolvimento no escândalo do mensalão em 2005. A 9 de outubro foi considerado culpado dos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal.

Três dias mais tarde a mesma Corte condenou-o à prisão em regime semiaberto – o que não o impediu de, a 2 de janeiro de 2013, assumir um novo mandato como deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores.

Em 15 de novembro de 2013 Genoíno se entregou à Polícia Federal, em São Paulo, sendo preso. Transferido para Brasília, passou a ocupar uma cela para condenados a regime fechado. Em 3 de dezembro de 2013, para evitar uma possível cassação, renunciou ao cargo de deputado federal.

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O comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, entregando a Medalha do Pacificador ao então deputado José Genoíno, durante o primeiro governo Luis Inácio Lula da Silva

Caxias – A Medalha do Pacificador foi cunhada pela Portaria nº 345 do ministro do Exército, de 25 de agosto de 1953, como homenagem a Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, no ano do sesquicentenário de seu nascimento. A confirmação de sua existência em caráter permanente veio a 17 de agosto de 1955, por meio do Decreto Federal nº 39.745.

A tradição afirmou-a como condecoração que destaca os militares e civis, nacionais ou estrangeiros, que tenham prestado assinalados serviços ao Exército brasileiro, elevando o prestígio da Instituição ou desenvolvendo as relações de amizade entre o Exército Brasileiro e os de outras nações.

A Sociedade Militar lembra, entretanto, que outros mensaleiros receberam condecorações do Exército:

“Obviamente falta cassar ainda as medalhas de José Dirceu, Roberto Jefferson, Valdemar da Costa Netto e outros. Mas, se de facto a cassação aconteceu, e tudo indica que SIM, sendo realizada de acordo com a nova regulamentação (PORTARIA Nº 724) e da forma discreta que caracteriza os atos do comandante Villas Bôas, e não seja apenas um “equivoco”, bastante improvável, do almanaque online, percebemos aí um bom e significativo sinal de que realmente está em curso um processo de moralização desse país”.

Em outubro de 2014 o Ministério Público Federal do Distrito Federal solicitou que fossem cassadas as medalhas concedidas pelo Exército a cinco condenados no julgamento do mensalão.

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Genoíno no Congresso, em abril de 2013: envelhecido e condenado pelo Supremo Tribunal Federal, ele insistiu em tomar posse em um novo mandato de deputado federal (ao qual, mais tarde, renunciou)

Os condecorados em situação de perder a honraria eram, à época: os ex-deputados José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), agraciados com a Medalha do Pacificador. Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pode perder a medalha da Ordem do Mérito Militar, que também foi dada a Jefferson.