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Ofensiva propagandística dos nacionalistas russos na Internet


Esteticamente os vídeos apelam aos jogadores de videojogos, já o conteúdo está mais perto de angariar entusiastas entre os adeptos de teorias da conspiração


“Eu sou um ocupante russo”, assim começa a mais recente peça de propaganda oficiosa russa nos sites de partilha de vídeos YouTube e Vimeo. Com um look e estética inspirados nos videojogos, o filme de quase três minutos é uma ode à grandeza da Rússia e faz uma apologia vigorosa do neo-imperialismo através da ocupação de territórios.
Vídeo. Veja a forma criativa, apelativa e propagandística dos vídeos nacionalistas feitos ao estilo de um jogo de computador ou documentário de acção

Numa tentativa de reinterpretação dos factos históricos dados por adquiridos no Ocidente, a Rússia é aqui apresentada como a potência ocupante benemérita, mas incompreendida e vítima da ingratidão dos povos submetidos.

Usando uma espécie de comparação entre o antes e o depois, faz-se a ostentação dos benefícios trazidos pelos russos aos povos que foram ocupados, como os Estados bálticos, as zonas da Ásia Central e a Ucrânia. Para os criadores do vídeo, a Rússia deu a esses povos indústrias de ponta, estações espaciais, hospitais, estádios e desenvolveu a agricultura, entre outros, e, mesmo assim, “eles pediram que saísse”.

Para quê? Para se tornarem empregados de limpeza das casas de banho europeias, produtores de cannabis, conservas de peixe ou, no caso da Ucrânia, nem isso, porque “destrói tudo o que o ocupante deixou”, defendem os autores.

Por isso garantem: “Sim, sou um ocupante. E estou cansado de pedir desculpas por isso”. Para se lançarem depois numa sucessão de elogios nacionalistas e demonstrações de capacidade bélica, à mistura com ameaças: “Não se metam comigo!”.

Em Setembro do ano passado, um outro vídeo levou o nacionalismo russo à raia das teorias da conspiração. Dessa vez, os autores perguntam “Porque é que os Estados Unidos precisam de uma nova guerra mundial?”  Na resposta são apontados motivos económicos que fizeram com que não olhassem meios para atingir os fins, tal “como na I e II Guerra Mundial” .

Assim, os americanos (através da CIA), juntamente com os ucranianos, são acusados de estar por trás da queda do voo M17 da Malasyan Airlaines, na Ucrânia, em Julho do ano passado: “Este crime foi necessário para que o regime de Kiev tornasse o conflito internacional”, dizem.

No final apoteótico, a Rússia aparece como a única salvação para milhões de russos, ucranianos e europeus, só que para isso, a Europa tem de virar as costas “aos seus donos estrangeiros” e reconhecer que “além de proteger os seus interesses nacionais”, a Rússia “trata de evitar a eclosão da III Guerra Mundial”.

Os vídeos estão legendados, ou têm versões, em várias línguas, incluindo português (do Brasil), inglês, alemão, espanhol e já foram vistos milhões de vezes.

Ocupante Russo

Porque os EUA precisam de uma grande guerra na Europa