Opinião: Ainda há escravos na Educação paranaense – Por Renzo Rocha

Em um contato virtual, o professor Renzo Rocha de Foz do Iguaçu manifestou a sua opinião sobre o sistema educacional no Paraná.

Acompanhe o comentário: 

Certamente, à época da escravidão em nosso país, os seres humanos escravizados sabiam de seu lugar apesar de não o terem como justo ou legítimo. Certamente, naquele período, sabia-se quem dominava impiedosamente e quem trabalhava sem receber. Certamente, àquela altura, não se argumentava se era ilegal a subjugação de muitos pela crueldade de poucos.

Todavia, quando o governador de um dos estados mais importantes da federação brasileira – Paraná – contrata profissionais de educação em regime integral (40h) para o Ensino Médio, os quais lidam com centenas de adolescentes – seres humanos em formação – carentes de informação, orientação e exemplos positivos, e, ainda assim, não paga seus salários de vários meses alegando “falhas no sistema” (sic), algo cheira muito mal em um país que, na retórica política, precisa de “Educação Pública de Qualidade”.

Que interesses tais políticos defendem? Que responsabilidade política, ética, republicana e, ao fim ao cabo, humana, pode ter alguém que nega dignidade àqueles – centenas (talvez milhares) de profissionais da educação – que, responsavelmente, querem dedicar suas vidas e esforços à construção de um futuro digno à população. Que diferença possuem tais senhores eleitos democraticamente pela população deste país para aqueles senhores que em nossa história escravizaram seres humanos, os quais só precisavam ter sua dignidade de trabalhadores respeitada?

Sinto vergonha de ser brasileiro e de trabalhar como professor em um sistema no qual indivíduos em cargos de poder continuam parados no tempo colonial, subjugando trabalhadores – neste caso, profissionais da Educação – e cobrando respeito e lealdade, em contrapartida oferecendo desrespeito e deslealdade.

Leciono desde o dia 6 de fevereiro como professor de Sociologia em 4 escolas do Ensino Médio em Foz do Iguaçu para 13 turmas com 429 estudantes no total e recebi até hoje – 12 de abril – R$1.700. Será que possuo ao menos o direiro de reclamar e solicitar condições dignas? Ou preciso considerar justo, certo ou legítimo ser tratado como escravo? Será que os professores devem acalmar seus credores dizendo que o governo estadual obriga funcionários públicos a trabalhar sem receber? O que dizer aos 429 jovens que recebem minhas orientações se fiquei sabendo que professores contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS) “às vezes” ficam sem receber 3 ou 4 meses. Devo dizer: “é assim mesmo…”?

Até quando profissionais de Educação dignos – fundamentais ao futuro do Brasil – serão tratados como escravos em nosso país?
Renzo Rocha

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Sobre Francisco Santos

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Publicado em 04/13/2013, em Brasil e marcado como , , , . Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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